“Greenwash” é o termo usado por ativistas para empresas que fazem “lavagem verde de dinheiro”, ou seja, usam parte de seus lucros em patrocínios e projetos direcionados ao meio-ambiente, mas o destroem em suas atividades principais.
Opera Mundi
Em inglês, o termo greenwash é uma mistura de green e whitewash,
sendo que este último é uma espécie de tinta branca barata aplicada na
fachada de casas. A expressão costuma ser usada para se referir ao que
eles entendem como propaganda corporativa que tenta mascarar um
desempenho ambiental fraco. Agora, há uma preocupação crescente.
Corporações estão usando freneticamente latas de greenwash, o que traz
conseqüências graves à credibilidade de todo o campo da comunicação
ligada à sustentabilidade.
Segundo Rogerio Ruschel*, os seis pecados do apelo greenwashing são:
Pecado dos malefícios “esquecidos”
O principal pecado encontrado na pesquisa, estando em 56% dos
produtos pesquisados, caracteriza-se pelo fato do produto destacar
apenas um benefício ambiental e “esquecer” os outros. Exemplos: Meu
produto é reciclável (mas é extremamente gastador de energia e água
para ser produzido); meu produto é feito sem teste em animais (mas sua
decomposição natural pode prejudicar a cadeia alimentar natural).
Pecado da falta de provas
Representando 26% das promessas encontradas, é utilizado por
produtos que anunciam benefícios ambientais sem comprovação científica
ou certificação respeitável. Nesta categoria são encontrados xampus que
não são testados em animais, produtos de papel com uso de material
reciclado, lâmpadas com maior eficiência energética – todos sem
comprovação dos argumentos disponível ao consumidor.
Pecado da promessa vaga
Entre as promessas vagas – encontradas em 11% dos produtos
pesquisados – estão produtos “não-tóxicos” (e sabemos que qualquer
produto em excesso pode intoxicar uma pessoa); produtos “livre de
químicos” (o que é impossível, porque todos os insumos de todos os
produtos têm elementos químicos em sua composição); “100% natural”
(urânio, arsênico e outros venenos também são “naturais”);
“ambientalmente produzido”, “verde”, “conscientemente ecológico”, todas
promessas 100% vagas. E estamos falando de embalagens – imagine aqui no
Brasil as promessas vagas que vemos diariamente na propaganda…
Pecado da irrelevância
Pecado encontrado em 4% dos produtos pesquisados, caracteriza-se por
destacar um benefício que pode ser verdadeiro, mas não é relevante. A
mais irrelevante das promessas foi a relacionada ao CFC, banido do
mercado norte-americano nos anos 70: inseticidas, lubrificantes,
espumas de barba, limpadores de janelas e desinfetantes, por exemplo,
todos livres de CFC. A promessa é irrelevante porque, se não fossem
livres de CFC, estes produtos não teriam licença para estar à venda no
mercado…
Pecado da mentira
Encontrado em 1% dos produtos, é simplesmente uma mentira deslavada.
Pecado dos dois demônios
Encontrado em 1% dos produtos, são benefícios verdadeiros, mas
aplicados em produtos cuja categoria inteira tem sua existência
questionada, como cigarros orgânicos, inseticidas ou herbicidas
orgânicos.
Ainda não existe no Brasil um grupo que analise e aponte os produtos
com “greenwashing”, mas esse movimento logo poderá chegar aqui, e é bom
que as empresas realmente divulguem em suas embalagens a verdade e que
antes de anunciarem façam uma boa análise de seus produtos.
*Rogerio Ruschel é diretor da Ruschel & Associados
Marketing Ecológico e editor da revista eletrônica Business do Bem,
onde este artigo foi publicado originalmente.
Fonte: Embalagem Sustentável
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