Neste mês, cavalo ferido por chifre de touro tem seu intestino exposto
A primeira impressão que se tem diante
das cenas apresentadas nas arenas da festa do rodeio, é a de que o peão
está montado um animal xucro, bravio e selvagem. Porém, as pessoas que
vivem do rodeio oferecem ao público uma grande farsa, porque os animais
utilizados são mansos e dóceis e para que corcoveiem com se fossem
bravios são envoltos em vários instrumentos de tortura como, por
exemplo, o sedém, tira de couro fortemente presa à virilha do animal. No
momento da abertura do brête, o sedém é fortemente puxado, provocando
dor por comprimir violentamente a região do órgão genital e intestinal
do animal.
Os defensores do rodeio alegam que o sedém provoca
apenas cócegas. Cabe aqui, o uso do bom senso. Como algo que comprime
fortemente região tão sensível poderia causar dor? Também é necessário
esclarecer que, segundo a literatura médica, cócegas é uma sensação
nervosa que advém de fricções ligeiras ou leves toques. Portanto, uma
compressão violenta como provocada pelo sedém jamais causaria tal
sensação.
Bovinos e eqüinos reagem ao sedém não porque sentem
cócegas, mas por sofrimento, dor, medo, ira e aflição. Que o sedém
provoca dor e tormento é o que atestam os laudos da Faculdade de
Medicina na Veterinária e Zootecnia da Universidade de São Paulo e do
Instituto Médico Legal do Rio de Janeiro.
São também utilizadas
as esporas para incitar os animais mediante violentos golpes
sincronizados e contínuos aplicados no baixo ventre, pescoço e cabeça.
Não são os animais esporeados, mas sim golpeados brutalmente por
esporas, que acabam por produzir contusões e cortes bastante profundos,
chegando, muitas vezes s cegá-los. Não importa se as esporas são
pontiagudas ou não. De qualquer forma, elas são aptas a provocar lesões
nos animais graças ao fato de que os animais são golpeados com violência
pelos peões.
Não bastassem o sedém e as esporas, ainda se
utiliza da peiteira que consiste uma corda de couro colocada fortemente
em volta do peito do animal, causando-lhe dor e sensação de asfixia. O
peão, desde a peça, e, quando é aberta a porteira, a segura com uma das
mãos, mantendo a outra livre, de maneira a alcançar o necessário apoio e
equilíbrio sobre o dorso do animal. No boi, costuma-se colocar um sino
na peiteira, para que, com os movimentos, seja provocado um barulho
característico que causa a sensação de medo no animal, alterando, em
decorrência, o seu estado emocional com a elevação drástica da
adrenalina.
Choques elétricos também são utilizados para
estimular os animais a demostrarem comportamento agressivo. São
produzidos por sovelas, geralmente momentos antes dos animais deixarem o
brête.
Portanto, essa falsa aparência de animal bravio
corcoveando e saltando advém da tentativa desesperada de livrar-se dos
instrumentos de tortura.
O animal corre de maneira desordenada,
sem direção, lutando para fugir dos maus-tratos, quando, não raras
vezes, vem a chocar-se contra as grades de proteção da arena.
Além da montaria, outras provas especialmente cruéis e violentas são as provas de laço.
Poucos
imaginam o motivo pelo qual o animal penetra a arena correndo
velozmente. Ocorre que, bezerros e garrotes são mantidos em pequenos
cercados e lá recebem golpes, socos e pontapés, para que, ao abrirem a
porteira, corram desesperadamente na tentativa de escapar ao
maus-tratos.
Nas laçadas de bezerros são utilizados animais de
quarenta dias de idade, apenas. O impacto que recebe o animal ao ser
laçado é suficiente para feri-lo gravemente. Há morte instantânea de
muitos deles, após a ruptura da medula espinhal. Alguns ficam
paralíticos ou sofrem rompimento parcial ou total da traquéia. O
resultado de ser atirado violentamente ao chão, tem causado a ruptura de
diversos órgãos de diversos órgãos internos, levando o animal a uma
morte lenta e agonizante.
Não menos atrozes as laçadas duplas
compostas por dois peões. Onde, um laça os chifres de um boi em
movimento e o outro laça as pernas traseiras do animal, em seguida os
peões esticam o boi entre si, em sentido contrário um do outro,
resultado em ligamentos e tendões distendidos, além de músculos
machucados.
Laçadores declaram orgulhosamente, que treinam de 06 a
07 horas por dia. Estes treinos não são supervisionados e realizados,
na maiorias das vezes, com o mesmo animal, onde vale-tudo.
Na
derrubada de boi, modalidade também conhecida como Bulldogging, o peão
desmonta de seu cavalo sobre um boi em movimento, devendo derrubá-lo ao
chão, agarrando-o pelos chifres e torcendo violentamente seu pescoço. O
animal sofre brutal impacto de receber um peão sobre sua coluna e em
seguida sofre igual violência ao ter o pescoço tracionado, já que o
próprio animal oferece resistência à força que o peão emprega para
derrubá-lo ao chão.
Veterinários norte-americanos, com 30 anos de
experiência como inspetores da carne da U.S.D.A, declararam à Sociedade
Internacional dos Direitos dos Animais que o pessoal dos rodeios manda
aos matadouros, animais tão extensivamente machucados que a pele
encontra-se solta do corpo, como 02 a 03 galões de sangue livre
acumulados debaixo da pelo solta, devido às hemorragias internas.
Relatam que há animais com seu ou oito costelas separadas da coluna
vertebral, muitas vezes já perfurando os pulmões.
Os rodeios
submetem os animais a constantes e sucessivas quedas, das quais podem
resultar deste ferimentos e simples contusões até fraturas, entorses,
luxações, rupturas musculares, rupturas dos tendões e artrites.
O cavalo que cai após empinar-se arrisca uma fratura da base do crânio podendo sofres morte imediata.
Uma
queda sobre a cabeça com o pescoço dobrado pode levar a uma
imobilização da medula espinhal, seguida de morte em curto prazo.
Os
rodeios com as características que de hoje se revestem, se afastam das
tradições mais puras de cultura popular sertaneja, não se caracterizando
como manifestação folclórica ou cultural.
Devemos entender por
cultura um conjunto de princípios voltados para o aprimoramento das
coletividade e não para as práticas que reconduzem o ser humano ao
primitivismo e à brutalidade, com os olhos postos no interesse mesquinho
do lucro fácil.
Se tal prática mão pode ser aceita como cultura, menos ainda como esporte, porque não se concebe esporte que maltrate o animal.
Todos
os cientistas que à luz da ética e da ciência estudaram a fisiologia e a
psicologia do animal concluíram que ele é dotado de um sistema nervoso
que produz, diante do sofrimento reações iguais as que, em semelhante
situação, teria um ser humano.
Além da dor física, os rodeios
submetem os animais a sofrimento mental, uma vez que eles possuem
capacidade neuropsíquica de avaliar que esse estímulos lhes são
agressivos, ou seja, perigosos à sua integridade física. Constrangem o
animal a uma prática contra a qual ele se insurge, tanto que se debate
como pode e com todas as forças de que dispõe, em movimentos e impulsos
contrário à sua mansidão natural.
Não há como equiparar o rodeio à tradição, folclore ou esporte, porque ele flagela o animal, deforma o sentimento dos espectadores e instila no espírito das crianças e adolescentes o sadismo e a insensibilidade pelos seres vivos.