É impossível relacionar a ação humana com os diferentes impactes ambientais nos subsistemas terrestres sem referir, por um lado as fontes/causas desses impactes, que são elas mesmas resultantes da acção do Homem, como por exemplo a emissão de substâncias poluentes, uma das causas fundamentais, e por outro mencionar as consequências que daí decorrem sobre a Geosfera, a Hidrosfera, a Biosfera e a Atmosfera (subsistemas).
Assim, impõe-se aludir sobre as fontes/causas da Poluição da Atmosfera, da Poluição da Água e da Poluição do Solo e respectivas consequências, com impactes graves, e ainda não totalmente dimensionados, sobre todos os subsistemas supracitados.
POLUIÇÃO DA ATMOSFERA
Fontes
É consensual e universalmente aceite que a atividade do Homem é a principal fonte de poluição deste subsistema, quando comparada com as causas naturais, como por exemplo, as emissões de gases provenientes da atividade vulcânica.
Se por um lado, o recurso à queima de combustíveis fósseis, como uma das principais fontes de energia utilizada pelos veículos automóveis, parece ser a preocupação e a dor de cabeça das nações desenvolvidas, pelos milhares de emissões diárias de dióxido de carbono, monóxido de carbono, dióxido de enxofre e chumbo, que alteram e degradam a composição do ar; por outro lado, há ainda a ter em linha de conta, entre outras, a combustão incompleta do carvão e petróleo na indústria e refinarias, bem como a combustão em centrais eléctricas, cujos efeitos perniciosos para a atmosfera são incontestáveis.
Consequências
Entre as mais graves consequências da poluição atmosférica afiguram-se:
. Efeito de estufa
As combustões de produtos, cuja composição é copiosa em carbono, como as realizadas pela queima de combustíveis fósseis utilizados nos veículos motorizados e na maquinaria; em centrais eléctricas ou para aquecimento doméstico, contribuem para o aumento da temperatura da atmosfera e logo do planeta, uma vez que aumento de dióxido de carbono no ar concorre para a retenção do calor e impede que este se difunda para o espaço. Este processo é ainda coadjuvado pela crescente desflorestação de que a Terra tem vindo a ser alvo. O abate de árvores provoca o aumento da quantidade de dióxido de carbono na atmosfera, já que estas aspiram dióxido de carbono e produzem oxigênio, o que significa, em termos pragmáticos, a existência de uma menor quantidade de oxigênio disponível e por outro lado, menos dióxido de carbono a ser absorvido. Consequências: aquecimento global da Terra, subida do nível do mar, alterações climáticas, afetando este último a produção agrícola e as reservas de água, dando origem a alterações econômicas e sociais.
. Chuvas ácidas
Resultam do facto do dióxido de enxofre, proveniente das combustões supracitadas, se dissolver na água presente na atmosfera formando gotículas de ácido sulfúrico. Ao decorrer a precipitação, estas substâncias poluentes são transportadas pela chuva e depositadas na superfície terrestre. Consequências: a Biosfera, a Hidrosfera e a Geosfera são os principais subsistemas afetados. As doenças respiratórias graves, as alergias e as doenças de pele são cada vez mais comuns; destruição da vegetação, com prejuízos mais visíveis nas florestas, pela suas dimensões; a corrosão de materiais; a alteração das características e das composições naturais do solo e da água, que conduzem, por exemplo, à morte de seres vivos.
. Diminuição da camada de ozono
O ozono, gás, presente particularmente na Estratosfera, forma uma camada com cerca de 30 Km de espessura e cria uma barreira protetora, das radiações nocivas do Sol (radiações ultravioleta), tornando deste modo possível a existência de vida na Terra.
A utilização de aerossóis, de aparelhos de ar condicionado, o mau acondicionamento de aparelhos de refrigeração, depositados a céu aberto, o emprego de plásticos e solventes utilizados na indústria electrônica, ao libertarem Clorofluorocarbonetos (CFCs), presentes na sua composição, contribuem para a diminuição da camada de ozônio. Consequências: problemas respiratórios, queimaduras, cancro de pele. Se sofrer danos é posta em causa a sobrevivência da vida na Terra. Contributo para o efeito de estufa.
POLUIÇÃO DA ÁGUA
Academicamente considera-se que a poluição da água é “a contaminação de corpos de água por elementos que podem ser nocivos ou prejudiciais aos organismos e plantas, assim como a atividade humana. O resultado da contaminação traduz-se como água poluída.”
Fontes
"As principais fontes de poluição das águas superficiais e subterrâneas, são as águas residuais resultantes da atividade humana, como sejam as atividades econômicas - a indústria, a agricultura, os transportes, a produção de energia - e das atividades domésticas. As águas residuais cheias de sais minerais, substâncias não bio-degradáveis, fertilizantes, pesticidas, detergentes e micróbios contribuem de forma decisiva para a degradação do meio ambiente."
Consequências
"Os poluentes contidos nas águas residuais tornam a água imprópria para abastecimento público e colocam em causa não só a flora e a fauna que povoam os cursos de água, como rios, ribeiros e lagos, mas também todos os seres vivos que habitam os mares e os oceanos."
Fontes
"Acresce ainda que uma parte significativa da poluição da água nos oceanos e mares é resultante da actividade do homem, em terra. Salientam-se, a título de exemplo:
• As águas residuais e os produtos que não sofreram tratamento prévio e são despejados em rios e ribeiras e que, através destes, acabam por chegar ao mar;
• Os pesticidas e fertilizantes (carregados de produtos químicos) utilizados no cultivo da terra, quer através da precipitação, quer através da erosão do solo, contaminam os lençóis freáticos e os rios;
• Plásticos, materiais de construção, vidros, redes e outros resíduos sólidos abandonados nas praias."
Consequências
"Os oceanos e mares não são, assim, poupados da deterioração provocada pela poluição: o derrame de petróleo, fruto de acidentes marítimos com petroleiros, origina “marés negras”; a queima de resíduos em alto mar; os despejos de produtos tóxicos das indústrias, nas zonas costeiras; a descarga de lixo radioativo das centrais nucleares." Estes poluentes, com uma forte componente química, representam uma grande ameaça à qualidade da água, com riscos para a saúde e significativos custos ambientais, ao provocarem enormes danos aos organismos vivos, e, consequentemente à cadeia alimentar e logo, à saúde humana.
POLUIÇÃO DO SOLO
A poluição do solo é, usualmente, definida como “ qualquer alteração das suas características naturais através da deposição, descarga, infiltração ou acumulação no solo de produtos poluentes.”
Fontes
Uma das causas primordiais de poluição do solo resulta da deposição de resíduos no solo, com ausência de tratamento prévio adequado, bem como da utilização química de pesticidas e fertilizantes, comuns na agricultura e os resíduos provenientes da criação de animais, como por exemplo as suiniculturas e aviários. Verifica-se que, mais uma vez, a fonte de poluição tem origem na atividade econômica e doméstica do Homem, numa relação direta de causa-efeito.
Consequências
A sobrevivência e a biodiversidade da flora e da fauna estão postas em causa, já que os resíduos depositados sem qualquer tratamento, acumulam produtos tóxicos que penetram no solo, por ação da água da chuva, cujo poder solvente auxilia à infiltração destes poluentes. É desta forma, que não apenas o solo é poluído, mas também as águas subterrâneas, os ribeiros, os rios e os lagos, e em última análise os mares, colocando em causa a sobrevivência das espécies.
Face ao exposto, será fácil compreender que quando se relaciona a ação humana com os diferentes impactes ambientais nos subsistemas terrestres, assunto abrangente e transversal, já que o Homem e a sua ação estão presentes na origem, da quase totalidade, dos problemas ambientais, se deverá ter sempre em linha de conta as fontes/causas, onde o Homem aparece como"Fazedor" dos desiquilíbrios e logo, dos impactes, que nada mais são que o resultado final da ação deste sobre todos os subsistemas, fortemente interligados e dependentes entre si.
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"A Terra fornece o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não a ganância de cada um."
MahatmaGandhi
O Homem na sua demanda pelo capital, no sentido de satisfazer a persecução e a realização dos seus sonhos de consumo, é agente de comportamentos e acções que comprometem o bem-estar do planeta.
A Revolução Industrial e a consequente mecanização dos meios de produção marcam o início de um ciclo de fabrico/consumo/poluição sem precedentes, de onde parece não haver retorno, com custos ambientais, em crescendo, e um modus vivendi caracterizado pela ambição desmedida do “Ter”.
Na convicção de que o planeta e a vida, tal como os conhecemos, não têm fim, as actividades econômicas e domésticas perpetradas pelo Homem continuam, desregrada e diariamente, a contribuir para a degradação do ambiente, pondo em causa a sobrevivência dos habitats, das espécies, e da vida na Terra.
A consciência, ainda que não generalizada, de é possível a assunção de práticas amigas do ambiente, capazes de promover o desenvolvimento sustentável, garantindo desta forma o legado de um “planeta saudável”, distante do seu atual estado agonizante, às gerações futuras, sublinha a necessidade imperiosa de MUDANÇA.
A aposta na EDUCAÇÃO e na adoção de comportamentos ambientalistas proactivos é, assim, em nossa opinião, uma aposta ganha, um caminho que tem de ser, necessariamente, percorrido por TODOS, no sentido de contrariar este ciclo delapidador, resgatando o planeta e a “alma” humana...
Francisca Macedo Gomes e Mafalda Macedo Gomes
TEXTO ORIGINAL
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