O X do século XXI - 10 minutos com Philip Wollen, ex vice-presidente do Citibank

A verdade que nenhum ambientalista pode deixar de mostrar:
Como a indústria da morte e crueldade dos animais está devastando o planeta, arruinando as espécies, adoecendo e matando de fome a humanidade em proporções gigantescas.

sábado, 19 de setembro de 2015

Ecopedagogia, o novo conceito de educação

Ecopedagogia, o novo conceito de educação

           O termo é desconhecido para a maioria das pessoas e até confundido com a disciplina de educação ambiental. Contudo, ambas se complementam para a compreensão dos problemas sociais e ambientais que afligem a Terra, indo além do espaço escolar com abordagens  de planetaridade, educação para o futuro, cidadania planetária, virtualidade e pedagogia da terra.

    A ecopedagogia busca despertar nos cidadãos a consciência de que todos integram um mesmo ambiente e de que necessitando do mesmo para sobreviver devem, portanto, conviver de forma responsável e sustentável em uma permanente busca pela reeducação de hábitos e costumes.

        Luciana Fernandes, psicopedagoga com especialização em gestão ambiental, aponta a necessidade de se trabalhar esse conceito como uma revolução da área educacional. “A ecopedagogia traz a verdadeira reforma da humanidade, onde todos os seres deverão viver em plenitude uns com os outros e isso fere os princípios básicos”, declara.

      Luciana defende a inclusão da didática em todas as áreas de conteúdo e não apenas nas áreas humanas, bem como sua disseminação para as diversas séries educacionais, além da Educação Infantil, que já recebe a metodologia. Segundo ela, empresas e sociedade também devem partilhar da ecopedagogia. “Os professores, até mesmo, especialistas da área de ciências, demonstram equívoco ao dizer que, no currículo escolar, deveria ser implementada a disciplina de educação ambiental. Na verdade, sim, mas a ecopedagogia entra na questão humanística ao redor de todos os seres vivos e não apenas na preservação do planeta. Ela transcende esse modelo que ainda, nós professores, necessitamos. Trata-se de uma reforma íntima, porque só assim a humanidade conseguirá atingir a verdadeira cidadania planetária.”

        A fala da educadora é complementada pela opinião da pedagoga e escritora Luciana Ribeiro, que dedica-se a disseminar trabalhos voltados à educação financeira e ambiental por meio do site www.ecopedagogia.bio.br.

     Para ela, o movimento que propaga esse conceito poderia ser alavancado com o apoio  de políticas públicas e dos órgãos ambientais em uma atuação política, transversal, crítica, complementar e mais compromissada com a educação ambiental. “Essas perspectivas educacionais precisam tornar-se prioridade nas agendas dos governos e dos especialistas em educação, pois os problemas socioambientais (desmatamentos de áreas verdes, poluição causada pelos resíduos sólidos etc.) aumentaram assustadoramente. E mais do que nunca, as organizações governamentais e não-governamentais, as famílias e os cidadãos em geral, precisam unir forças para a implementação de projetos educativos voltados  à preservação do meio ambiente”, decreta.

Do verde à educação financeira

    Especialista no assunto, Luciana Ribeiro destaca algumas formas de ampliar as discussões sobre a ecopedagogia, a partir de projetos como os de coleta seletiva do lixo, horta escolar,  reflorestamento de áreas verdes e a disseminação do uso de bicicletas nas cidades.

     Ela ressalta a importância da inserção de tais iniciativas no Projeto Político Pedagógico (PPP) das escolas. “Elas devem ser implantadas pela equipe escolar, com o apoio do poder público, para pensar e agir a favor dos problemas locais, como, por exemplo, ações no combate ao mosquito da dengue.”

    Luciana ressalta ainda que é preciso a articulação de toda a sociedade na busca de soluções emergentes para a crise ambiental. Ela destaca também que o poder público tem o dever de fortalecer esse novo conceito por meio da capacitação de educadores e da própria população.

    A especialista esclarece também que a ecopedagogia não envolve apenas a questão ambiental, mas trata-se de um conceito mais amplo, onde figuram desde a sustentabilidade do planeta e até questões menos genéricas como o debate sobre a publicidade infantil, que estimula o consumismo e a obesidade infantil. “Proponho também a divulgação da educação financeira, que precisa ser disseminada para os educadores e para as famílias”, acrescenta.

Caravana pela vida
    Você já se imaginou sair por aí ajudando as pessoas e o meio ambiente? O que para muitos parece inviável, dada a correria do dia a dia, para a organização não-governamental Caravana Ecológica é um compromisso constante do qual participam cerca de 500 pessoas, profissionais das mais diferentes áreas.

   A iniciativa surgiu em 2004 a partir do projeto Escola Consciente (PEC), que tinha como objetivo promover atividades de educação ambiental visando o desenvolvimento sustentável da sociedade.

   A proposta da Caravana Ecológica se insere perfeitamente dentro do conceito da ecopedagogia. Presidente da Associação dos Gestores Ambientais do Brasil (Agabra), o coordenador regional do projeto, Davi Araújo Gonçalves, explica que as ações do projeto são imprescindíveis para a conscientização das pessoas. “Devemos preservar, conscientizar e valorizar o que já temos. Esse é o lema do nosso trabalho”, destaca.

  Além do Escola Consciente, o grupo realiza também caminhadas ecológicas periódicas e desenvolve o projeto Parque e Escola - Diversão que Educa (Pede). Uma das ações mais recentes foi uma caminhada monitorada dentro do Jardim Botânico, em Goiânia.

  Estudantes, professores e representantes da área ambiental debateram sobre a importância das unidades de conservação e da valorização dos parques públicos. Por reunir uma equipe de professores, médicos, fisioterapeutas, advogados, estudantes, policiais, bombeiros, biólogos e diversos outros profissionais, a Caravana Ecológica realiza um monitoramento socioambiental e socioeconômico das regiões que visita a fim de identificar as carências da população local.

    O município de Teresina de Goiás, entre Alto Paraíso e Cavalcante, na região Nordeste do estado, será a próxima cidade a receber o grupo.

Saiba mais
   O termo “ecopedagogia” surgiu em 1990 com Francisco Gutiérrez e se materializou através da Carta da Terra, elaborada na conferência da ONU (Organização das Nações Unidas) em 1992, no Rio de Janeiro.

   A Fundação Paulo Freire foi responsável por abordar o assunto pela primeira vez no Brasil.  Entretanto, somente agora é que o conceito começa a ganhar destaque na sociedade e na imprensa, passando a ser visto não apenas como uma disciplina ou componente curricular, mas de forma interdisciplinar e transversal, tendo como prerrogativa a sustentabilidade.


A teoria na prática
  Com o propósito de desenvolver os conceitos da sustentabilidade ecopedagógica entre seus alunos, a Escola Municipal de Tempo Integral Zevera Andrea Vecci, no Conjunto Fabiana, em Goiânia, criou o projeto Escola Inteligente - Consumo Consciente, implantado há menos de um ano.  

    A  iniciativa, prevista no PPP (Projeto Político Pedagógico ) da escola, é trabalhada em parceria com a oscip Bioma Brasil e com o apoio do banco HSBC. O foco principal das ações é incentivar o consumo racional dentro e fora da escola.

   A diretora pedagógica Karla Niana Resende conta que desenvolver o projeto foi um grande desafio. Segundo ela, o ponto de partida foi um levantamento interno para identificar onde era possível fazer modificações com vistas à redução no consumo de água, energia elétrica, materiais didático e da secretaria, produtos de higiene, entre outros. “Dentro da escola, estamos todos voltados para a sustentabilidade”, garante.

    Para viabilizar o projeto, ela explica que são realizadas reuniões e palestras constantes com pais e alunos, onde são abordados temas como a importância dos recursos naturais e da reciclagem.

   O trabalho educativo é reforçado com a distribuição de cartilhas à população e elaboração de informativos, espalhados por toda a escola.

   Paralelamente ao projeto, a escola expande suas ações com dinâmicas específicas para cada série escolar. No 4° ano, por exemplo, os alunos agora trabalham com o tema “Meu Mundo, Seu Mundo, Nosso Planeta”.

   Questionados sobre a proposta, os alunos aprovaram a iniciativa. Mateus Henrique Ferreira Matos, 9 anos, diz que está “estudando o mundo para conservar”. Atrás da fala do colega, Weyknan Dias Cordeiro, 10, revela que, em casa, resolveu cultivar uma horta, similar à da escola, para incentivar seus pais a entrarem na campanha de preservação do planeta.

  A prova de que a escola realmente leva a sério o desenvolvimento sustentável pode ser vista também no parquinho de diversões, construído a partir de materiais recicláveis. A diretora ressalta ainda o aspecto financeiro. “Não gastamos nenhum centavo para criar todo esse espaço de lazer”, conclui.

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