Pesquisa revela que poluição do ar intensificou ciclones no Pacífico
Crescente poluição em países asiáticos teriam intensificado tempestades.
Partículas de poeira afetam sistemas de nuvens de chuvas.
Imagem de satélite mostra a tempestade tropical Darby, ciclone que atingiu a região do Pacífico em 2010 (Foto: MODIS Rapid Response Team / NASA GSFC)
A crescente poluição do ar na China e em outros países asiáticos de rápido crescimento intensificaram os ciclones de inverno no noroeste do Pacífico, anunciaram cientistas esta semana. Segundo os especialistas, os ciclones de inverno em latitudes que incluem o noroeste da China, Coreia e Japão trouxeram ventos mais potentes e mais chuvas, como resultado dos níveis crescentes de poluição por particulados.
As partículas de poeira afetam a forma como a unidade se desenvolve nas nuvens e como o calor se distribui em sistemas de tempestades, disse Yuan Wang, do prestigioso Laboratório de Propulsão a Jato do Instituto de Tecnologia da Califórnia. "Segundo estimativas, a mudança significativa na intensidade das tempestades no Pacífico deve ter começado em meados dos anos 1990", disse Wang.
"(Foi) quando indústrias, usinas de energia e carros lançaram grandes quantidades de poluentes do ar, juntamente com uma economia florescente em muitos países asiáticos como a China", acrescentou.
O estudo, publicado no periódico "Nature Communications", é a mais recente pesquisa sobre os perigos ambientais dos particulados, que são, sobretudo, resíduos de fuligem derivados da queima de combustíveis fósseis. Segundo o estudo de Wang, os aerossóis aceleram a formação de gotículas porque contêm um núcleo onde o vapor d'água se condensa.
Chaminés liberam fumaça de um planta de aquecimento em Jilin, na China (Foto: Reuters/Stringer)
Mais partículas, mais tempestades
As nuvens, influenciadas por aerossóis, carregam quatro vezes mais gotículas, provocando um aumento de, aproximadamente, 7% nas precipitações em toda a região.
Também é provável que os aerossóis encorajem a formação de nuvens cirrus e de "bigorna", mais brilhantes e de alta altitude.
Estas são nuvens que ajudam a aquecer a superfície do mar, dando assim calor para alimentar os ciclones. O aquecimento adicional pode ser de 11%.
Os cientistas criaram um modelo de computador para simular o fluxo de poluição por aerossóis do leste da Ásia para a região de formação dos ciclones, no leste da Ásia, em janeiro e fevereiro, uma região situada ao norte da latitude 30º.
Eles descobriram uma relação com duas décadas de dados de satélite: 1979-1988 - antes do "boom" que a economia asiática viveu, e 2002-2011, quando o crescimento deu um salto, especialmente na China.
No período mais recente, houve um aumento claro da intensidade de ciclones, mas nenhuma alteração na frequência ou na localização das tempestades, disse Wang.
Em 16 de janeiro, um estudo realizado por Chang-Hoi Ho, da Universidade Nacional de Seul, na Coreia do Sul, demonstrou que China, Coreia e Japão tinham sido atingidos por ciclones mais potentes entre 1977 e 2010, devido ao aquecimento da água no Pacífico oeste. As duas pesquisas não são comparáveis, disse Wang.
A primeira se concentrou em ciclones que se formam durante o inverno em latitudes médias no noroeste do oceano e a segunda examinou ciclones no verão e no outono, que se formam em latitudes tropicais.
Pesquisas realizadas sobre o efeito dos aerossóis nas nuvens resultam em descobertas altamente variáveis. De fato, esta é considerada uma das maiores áreas de incerteza da ciência climática.
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