Em 1182, na Itália, nasceu um menino, herdeiro de fortuna. Mais tarde, já homem, abdicou de sua riqueza .
Porém, oito séculos depois, ele foi escolhido a personalidade do milênio. E no mundo inteiro, hoje, no dia 4 de outubro, é comemorado o seu dia. Francisco de Assis tinha a notável capacidade de atentar para os muitas vezes ignorados e captar as mensagens daqueles que ele chamava de irmãos. Irmãos de todas as espécies: a dos irmãos iguais e as dos irmãos diferentes. E os irmãos diferentes de Francisco, são igualmente homenageados com ele nesta data.
Francisco de Assis abriu uma trilha de amor que nós, os amantes, defensores dos animais - tantas vezes menosprezados - insistimos nela prosseguir. Isso é empatia, a capacidade de se colocar no lugar do outro, de traduzir intimamente as sensações de quem nos é diverso, é um privilégio e um fardo. Poucos têm empatia e em número menor ainda, os que aceitam assumi-la, porque é um longo e árduo caminho a percorrer.
O ser humano convenientemente esquece a expressão de simpatia das outras espécies: o roçar do pêlo do gato em suas pernas, quando ele chorou pelo desemprego; o abanar da cauda do seu cão, quando os amigos de juventude já se foram; o empurrão amigo do golfinho quando se afogava. O animal “ irracionalmente”ama aquele que o subestima.
Já pensaram em nossas vidas sem a presença dos animais? Desde os tempos mais primórdios da evolução humana, os animais são subjulgados e usados em nossa alimentação , em nosso vestuário, no trabalho e até em nossa diversão.
O que seria do trabalhador rural sem a ajuda ou em muitas vezes, a substituição de seu próprio trabalho pelo enorme esforço de um eqüino puxar arduamente carroças, lavrar os pastos? Ainda estamos presos a necessidades assim e outras diversas, ora por costume que poucos questionam , ora por comodismo ou por ignorância, pois evolução em países onde a educação não é um bom negócio, causa desemprego.
Como reverter esse caminho para que não precisemos mais conviver com estes seres na forma de patrão e empregado, escravo.
Só por esses motivos, nossa relação com os animais deveria ser ao menos , de gratidão e respeito.
Por outro lado , o afetivo, conseguem imaginar a existência sem os animais e sua companhia? Companhia como a de um cão, gato, que são os mais comuns no meio doméstico são essenciais como referência de amizade e lealdade .
Eles estão sempre ali, esperando pelo momento de sua chegada em casa, pelo momento de dormir ao seu lado, mesmo que seja do lado de fora para zelar o seu sono.
O animal racional compõe as sinfonias e faz estrondar as bombas, inventa a vacina e envenena o ar; viaja pelo universo e enclausura os animais e seus semelhantes em campos de concentração. Promove Francisco de Assis a santo, mas não segue a luz que ele acendeu. Enquanto expande o agro-negócio, restringe o curso das águas, abafa os gemidos da sede, cala as vozes das florestas, assim arquitetando - passo a passo e sem compaixão - a destruição da sua morada ,dos animais, do meio ambiente, do planeta.Cada dia que passa temos que perceber que a pele fina, o rude pêlo, a leve pluma, a áspera escama envolvem a mesma matéria humilde, sujeita à dor. Que a dor nos iguala, que dividimos a mesma casa com os que nela chegaram antes de nós. E que é por isso que não somos “donos” de nada, somos todos, como bem soube Francisco de Assis, irmãos.
Cabe a nós, protetores, ambientalistas, simpatizantes, ou qualquer pessoa que se interesse pela vida em harmonia com os animais , daqui pra frente, vencer a indiferença, o utilitarismo, a soberba da nossa espécie.
Os resultados não virão de uma hora pra outra. O homem é um bicho político e a política é a arte do possível, da conveniência. Quem sabe se fossemos mais genuínos, mais animais, não seríamos mais evoluídos?
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